Qual a verdade está nas declarações do professor Antonio Dantas?
As declarações dadas a um jornal do Estado de São Paulo sobre a nota muito baixa no provão do ENADE dos alunos da Faculdade de Medicina da UFBA. É preciso utilizar a hermenêutica para chegarmos à provável verdade que está nas declarações do coordenador e membro do colegiado do curso de medicina da UFBA o professor Antônio Natalino Dantas. Acredito que o professor, não queria ofender a todos os baianos, infelizmente não teve a coragem suficiente para expressar de forma mais clara quem são os baianos que ele realmente considera com QI baixo, mas isto não é tão difícil de sabermos, pois o mesmo deu dicas importantes ao citar o instrumento musical (berimbau), falou das cotas (ações afirmativas) e do bloco afro Olodum, portanto, o professor nas suas declarações não deixou dúvidas quanto o principal motivo de seu comportamento reprovável, da sua falta de ética, do seu desrespeito à dignidade do povo da Bahia e de seus preconceitos contra uma parcela significativa da população baiana, que são os pobres e afros descendentes, sobretudo os que estão conseguindo ingressar na faculdade de medicina da UFBA.
No meu entendimento, o motivo real que levou o Coordenador a dar estas declarações é o seu desconforto em ver que alunos oriundos de classe baixa e alguns afro-descendentes estão conseguindo entrar nos cursos de ensino Superior que são considerados de 1ª linha e que estão reservados há muito tempo para a classe dominante. Está muito claro que a razão principal das declarações dadas é o preconceito, o racismo e a discriminação contra os afros descendentes. As universidades públicas estavam destinadas à classe dominante e muitos docentes não aceitam que poucos alunos da classe dominada entrem para academia, a não ser como simples empregados em nível da base da pirâmide, e não como alunos. As declarações não foram ao meu sentir em um momento de desequilíbrio; e sim pensadas e premeditadas com o objetivo de ofender não a todos os baianos, mas sim aqueles que vêm sofrendo discriminação racial e social desde o tempo do Brasil Colônia. Só não foi dita de forma direta com receio do mesmo de se amoldar ao que está expresso no código penal brasileiro.
Carlos Epifânio dos Santos
Acadêmico em Direito da Faculdade Maurício de Nassau / Fabac
Criado em maio de 2008